Malala

malala

Malala, a resistente

Recém voltando à ativa, reproduzo aqui meu artigo A Resistente, publicado esta semana no jornal Zero Hora.

A resistente

10 de janeiro de 2013

LÍCIA PERES*
“Uma vida só é pouco. Com coragem, pode ser muito.”
Carlito Maia

A frase acima, do publicitário e amigo Carlito Maia _ de saudosa memória _, traduz um entendimento sobre os múltiplos caminhos à disposição de cada pessoa para direcionar sua própria existência, levando-se em conta a brevidade da trajetória humana, a nossa inevitável finitude e o potencial transformador que podemos mobilizar para torná-la verdadeiramente plena e digna.
A coragem seria o elemento constitutivo para que nossa presença, traduzida em ações concretas, venha a ser o contraponto da acomodação. Não se deixar levar pelos acontecimentos, não desviar o olhar das injustiças e das atrocidades, nem ceder ao comodismo, “as coisas são como são, é inútil dar murro em ponta de faca”, talvez seja o maior desafio no ano que se inicia.
Malala, a adolescente paquistanesa de 15 anos, em outubro, foi vítima do atentado a um ônibus escolar em Mingora, norte do país. Atingida com tiro na cabeça, após alguns dias em estado grave, foi removida para a Inglaterra, onde esteve internada até recentemente, quando recebeu alta.
Trata-se de uma garota, ativista desde os 11 anos, que usava um blog para denunciar a repressão desencadeada pelos fundamentalistas islâmicos contra o direito das meninas de frequentarem a escola. Inconformada contra a injustiça, desafiou o poder talibã e tem hoje, como aliada, parte significativa da comunidade internacional. Campanha, pela internet, defendendo sua indicação para o Prêmio Nobel da Paz já conta com mais de 200 mil assinaturas.
A repercussão mundial, o repúdio à violência obtido em razão da visibilidade do caso, já coloca Malala como vitoriosa e com ela, a sua causa: a defesa do direito das mulheres, sem o qual os direitos não são humanos.
O estupro e brutal assassinato de estudante universitária ocorrido na Índia vem levantando a opinião pública e, pelo visto, tornando-a mais consciente sobre a tradicional complacência da cultura em relação às agressões sexuais contra as mulheres.
A violência doméstica, no Brasil, pela sua proporção, continua representando um dos problemas mais graves a serem enfrentados pelo Estado e pela sociedade.
Que mantenhamos nossos olhos bem abertos e não nos falte a energia e a coragem indispensáveis para não nos rendermos à desesperança.

*Socióloga

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Incongruência

                                   

Reproduzo  meu artigo publicado em Zero Hora (27/09).

Nele,  falo sobre a tentativa de censurar livros do grande escritor Monteiro Lobato, o que considero  uma  insensatez.

                                                                       

                                                                             Incongruência

                                                                               Lícia Peres

O debate sobre a obra de Monteiro Lobato  ganhou até audiência no Supremo Tribunal Federal, instituição que vem merecendo o respeito de todos pela seriedade de seu trabalho no chamado Mensalão.

Agora o STF é instado a manifestar-se pelo Instituto de Advogacia Racial que defende   a restrição a adoção do livro  Caçadas de Pedrinho no Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), por suposto conteúdo racista.

Desde menina posso dizer que tomei gosto pela leitura a partir de alguns clássicos infantis, entre eles as obras de Monteiro Lobato, instigantes e divertidas.

Penso mesmo que uma das melhores séries produzidas para o público infantil para  televisão foi o Sítio do Pica-Pau Amarelo, uma exceção em meio a tanta mediocridade.

Imaginem a quantidade de grandes obras literárias que  obedecendo ao crivo do olhar feminista,deveriam ser” condenadas”. Para começar, todos os romances de época :Jane Austen,Henry James que retratam a condição feminina ,cujo único objetivo é um casamento adequado, com um pretendente  possuidor de uma sólida  renda anual  ou com perspectiva de herança.  A moça que não casasse era uma pobre coitada. Praticamente inexiste mobilidade social e o trabalho era considerado algo desprezível. Shakespeare seria considerado inapropriado : a Megera Domada, o Mercador de Veneza (anti-semita) só para dar alguns exemplos. Haveria uma lista infindável de livros a serem censurados e mergulharíamos  na indigência intelectual.

Considero absurda a tentativa de retirar da lista de leituras indicadas nas escolas  um livro escrito em 1933, no contexto que é um retrato daquela sociedade,  marcada fortemente  pelo escravagismo.

A resposta efetiva para tudo aquilo que, ofensivo no passado é inaceitável hoje, está sendo dada  pelas conquistas  dos  movimentos  sociais  que falam por si mesmo.  Na época atual racismo é crime inafiançável;  as mulheres vêm ampliando suas conquistas . Todas as formas de discriminação e preconceito são consideradas um desrespeito aos direitos humanos.  Felizmente a mudança está aí ,e conhecer os costumes de séculos anteriores  ilustra o quanto avançamos.

E  acrescento  mais uma ponderável razão ao defender a adoção de todas as obras do consagrado escritor Monteiro Lobato: se for censurada,  a boneca Emilia  vai ficar furiosa.E olhem que a boneca é marrenta.

Socióloga

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A Tranquilidade

Gostei muito desta crônica e, só não a reproduzi antes, face ao meu envolvimento com a campanha eleitoral. Mas, concordo totalmente com o que a Cíntia escreveu.   

Atualmente  as pessoas não respeitam mesmo a privacidade alheia e ainda obrigam os outros a compartilhar a sua , como é o caso de conversas ao celular em lugar público.

O excesso de ruído, a  máscara da alegria  todo o tempo, revela uma animação sem  felicidade.

Penso  que luxo é silêncio e tempo livre  para fazer o que se deseja ou simplesmente não fazer nada.

Lembro da magnífica frase do nosso grande poeta Mario Quintana  ao ser perguntado como havia sido para ele  a mudança do hotel onde morara por décadas (hoje é a Casa de Cultura que leva o seu nome) O poeta respondeu :” não houve mudança. eu moro em  mim mesmo”.

 

(ultradownloads.com.br)

(angeosofia.com)

 

Churrascão na laje 

Estávamos, um amigo e eu, almoçando na santa paz de um restaurante de comida a quilo. Foi daí que se ouviu uma musiquinha daquelas infames e, com um alô que mais parecia um trovão, o cliente da mesa ao lado atendeu ao celular. Não demorou para que o restaurante inteiro participasse da conversa do cavalheiro, que esbravejava e xingava seu interlocutor por causa de uma cafeteira elétrica. Como a coisa tomou proporções de vexame, o amigo que almoçava comigo resumiu:

– Baita churrascão na laje.

O “churrascão na laje” a que fez menção o amigo é comparação emprestada do muito divertido Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, de Luiz Felipe Pondé, que afirma, e prova, que tudo neste início de século virou hipocrisia, zoeira e falta de transcendência. Com todo o respeito ao churrasco na laje, nosso grupo de amigos – que adora uma carninha no espeto – tem debatido a ideia de que, quanto mais desenvolvido um país, mais silencioso ele se torna.

É como se o progresso material propiciasse a suavidade das reflexões, como se som e fúria não combinassem com a civilização, como se a dignidade de um ser humano dependesse da capacidade de conviver com esse mundo interior, sem precisar produzir fogos de artifício para preencher algo vazio e incômodo.

Num plano mais amplo, nas cidades, o silêncio é um dos grandes indicadores daquilo que se chama genericamente de “qualidade de vida”. Cidade que se preza controla a poluição sonora: regulam-se desde a buzina dos automóveis até os horários dos voos nos aeroportos locais.

Esse esforço coletivo e higiênico valoriza a descoberta de que existe o “outro” e que esse “outro” não tem nada que ver com os sons que produzimos em escala individual ou coletiva. Todas as pessoas têm direito a dormir, trabalhar, estudar, conversar – viver – de maneira confortável e sadia.

Por acreditar nas virtudes insuperáveis da tranquilidade, da concentração e da ordem, estou iniciando um movimento para banir a ideia de que o silêncio é chato e que as pessoas têm que se esganiçar para serem felizes. Gostaria também que a gente não tivesse obrigação de ser alegre todo o tempo, essa espécie de histeria coletiva a que a gente aderiu e para a qual empurramos nossas crianças de forma quase irresponsável.

As grandes invenções, as grandes descobertas, os grandes arranjos culinários, as grandes sacadas, as grandes músicas, os grandes livros, as grandes interpretações, tudo o que representa o melhor do espírito humano foi e é presidido pelo silêncio.

Por outro lado, o mundo seria mais agradável se a gente pudesse entender que amigo é aquele sujeito que consegue ficar em silêncio na companhia da gente – e que, junto com a gente, resiste a atender ao celular.

12 de setembro de 2012 | N° 17190 Zero Hora

CINTIA MOSCOVICH

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Campanha para a prefeitura

Não tenho podido postar em  meu blog( coisa que adoro) devido à minha participação na campanha de Fortunati.

Sei da importância da continuidade de uma gestão que está transformando nossa querida Porto Alegre e , o mais importante, transformando para melhor a vida das pessoas. Considero, por exemplo,que a segunda passagem grátis, representa uma substancial economia para quem usa o transporte coletivo e necessita de 2 conduções.

A  oportunidade de divulgar o que está sendo realizado  com imagens, dados e testemunhos  levam os portoalegrenses  a distinguir o que é realidade e deve ser preservado  em meio   às promessas fantasiosas de outros candidatos. Assim a aprovação da atual administração atinge 89%  da população.

Talvez pelo fato de ter vivido duas décadas sem poder exercer o pleno direito ao voto, e participado da resistência democrática, cada vez que vou às urnas tenho a impressão que, em minhas mãos, está o destino de todos.

E, é verdade.  A democracia permite que escolhamos nossos representantes   e o projeto que  desejamos para nossa cidade, nosso estado, nosso país.

Em 7 de outubro  vamos votar em: Fortunati  12!

Por amor a Porto Alegre

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Brasil, olha a tua cara

Reproduzo aqui o artigo da Sen. Marta Suplicy(FSP 1/09) analisando o resultado do IBGE (2010) e as mudanças em relação à composição da família.

Observa-se que não se pode mais falar em família, mas em famílias, face às grandes mudanças ocorridas no núcleo familiar, ao longo das últimas décadas.

Na verdade muita coisa se transformou, mas o vínculo afetivo permanece nos diversos arranjos  atuais e a realidade exige que a lei acompanhe a vida real.

Chama a atenção o  grande número de mulheres chefes de família-as únicas responsáveis pelo sustento e cuidado dos filhos- e são justamente os lares mais pobres .

As uniões homoafetivas também ocorrem em grande número, necessitando de garantias legais para que o preconceito não prospere.

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BRASIL, OLHA A TUA  CARA

Ouço, com espanto, Ana Maria Braga falar que “não importa se a pessoa é solteira, católica, evangélica” numa confusão de situações –casos não muito diferentes dos encontrados na primorosa série de reportagens de “O Globo” sobre o último Censo do IBGE (2010).

Para a população brasileira hoje, as informações e os arranjos familiares são tão diversos que, como dizia um amigo meu, “não há o que não haja”. Um homem pode estar casado com outro homem, a mulher solteira pode ser casada há anos e o casal recém-casadinho pode ter vários filhos.

As mulheres já assumem a responsabilidade por 38,7% dos lares (há dez anos, a chefia feminina era em 24,9%). E o interessante é que elas se colocam como chefes de família não só quando não existe um cônjuge, mas quando ele existe e ela ganha mais ou conduz o negócio familiar. Isso é novo e merece mais atenção.

A diversidade é tal que podemos dizer que o Censo 2010 captou uma gigantesca mudança, que é a ponta de um iceberg de novos arranjos familiares ainda não estudados.

O IBGE não mede casados em casas separadas e filhos que moram, em guarda compartilhada, em duas residências. No entanto já sabemos a existência de 60 mil casais gays formados, em sua maioria, por mulheres (53,8%).

Temos também o surpreendente número de netos morando com avós e a família chamada “mosaico” (a do meu, do seu e dos nossos filhos). Assim como amigos que moram juntos sem laços de parentesco (400 mil) e os “Dinks”, sigla em inglês referente à dupla renda e nenhum filho, que somam dois milhões de casais.

Menos filhos, mais independência e renda feminina foram fatores decisivos para essas modalidades que prenunciam um século diferente.

O caldo cultural acumulado na segunda metade do século 20, que permitiu a separação sem marginalização social, a pílula anticoncepcional, o divórcio e o maior acesso ao estudo (na TV, a novela “Gabriela”, baseada no livro de Jorge Amado, nos lembra direitinho como era a condição da mulher e sua posição na família), foi motor para o que hoje acontece. E ainda não temos a dimensão da influência da globalização e da internet.

Falou-se que a família ia acabar, tal como os conservadores disseram quando a mulher conquistou o direito ao voto. Entretanto a família se adapta. Ela se renova, mas os laços afetivos continuam preponderantes.

Concluindo, a pesquisa indica que a família tradicional já não é mais maioria no Brasil. Ela corresponde a 49,9%. E agora Congresso? Não dá mais para ignorar o mundo dinâmico no qual vivemos nem permitir que setores conservadores inviabilizem a votação de leis que incorporem o que a sociedade já vive plenamente.

MARTA SUPLICY escreve aos sábados nesta coluna.

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Fortunati 12

Hoje quero falar de POLÍTICA já que estamos às vésperas das eleições municipais. Vou falar sobre o destino de nossa querida Porto Alegre.
A decisão do eleitorado influirá decisivamente  sobre a vida dos portoalegrenses, no caso, a nossa vida.
Promessas ilusórias são apenas  a tentativa de vender fantasias, nada mais.
Apoio Fortunati e  reproduzo uma análise bem feita e realista, recentemente publicada, mostrando como nossa Cidade melhorou e vai melhorar muito mais.
Vamos reeleger Fortunati! Vote 12  POR AMOR A PORTO ALEGRE.
                                                         (blogcomunicação.com.br)
——-Mensagem original——-
Assunto: OBRAS DA COPA EM PORTO ALEGRE

Meus caros leitores,

Dando seguimento a mensagem anterior, com o título PERGUNTAS E RESPOSTAS, para satisfazer o interesse e a curiosidade de mais de mil leitores que se manifestaram positivamente pela reeleição de José Fortunati, repasso as informações que foram repassadas aos jornalistas pelo secretário de Gestão, Urbano Schmitt, sobre o panorama e o andamento das obras que fazem parte da Matriz de Responsabilidade da Copa.

Como, neste momento, estamos diante de FATOS REAIS (tangíveis) e não de simples e irritantes PROMESSAS (sonhos), o que é muito comum no meio político, sugiro que acompanhem a situação e o cronograma dessas importantes OBRAS PARA A COPA DE 2014. Só por aí, para não deixar escapar esta inédita oportunidade de Porto Alegre mudar de cara, temos todas as razões para reeleger José Fortunati. É hora, pois, de agir, usando exaustivamente as redes sociais e de relacionamento.

1- OBRAS DA MATRIZ DE RESPONSABILIDADE

Duplicação da Av. Tronco: EM OBRAS, no trecho da rótula na Av. Icaraí até a rua Gastão Mazeron.

Duplicação da Edvaldo Pereira Paiva: EM OBRAS, com trecho e sinalização concluídos entre a Ipiranga e a Rótula das Cuias.

Ponte sobre o Arroio Dilúvio, EM CONSTRUÇÃO.

Viaduto da Av. Pinheiro Borda, EM OBRAS.

Duplicação da rua Voluntários da Pátria: EM OBRAS, da rua da Conceição até a Ramiro Barcelos.

2- OBRAS DA TERCEIRA PERIMETRAL (5):

Passagem subterrânea da rua Anita Garibaldi: CONTRATADA.

Passagem subterrânea da av. Cristóvão Colombo: CONTRATADA.

Passagem subterrânea da aV. Ceará: EM CONTRATAÇÃO.

Viaduto da av. Bento Gonçalves: EM OBRAS.

Passagem subterrânea da av. Plínio Brasil Milano: PROJETO EM AVALIAÇÃO NA CAIXA FEDERAL.

Complexo da Rodoviária: EM OBRAS no viaduto da Júlio de Castilhos. Projeto da estação BRT na Rodoviária: EM AVALIAÇÃO NA CAIXA.

Prolongamento da av. Severo Dullius: CONTRATADO o serviço de retirada da camada de lixo do terreno e reaterro para pavimentação da via. Obra na rua Dona Alzira (Walmart): MAIS DE 50% EXECUTADA.

3- SISTEMA BRT:

BRT Corredor da av. Protásio Alves: EM OBRAS – substituição do pavimento asfáltico por placa de concreto.

BRT Corredor da av. Bento Gonçalves: EM OBRAS – substituição do pavimento asfáltico por placa de concreto.

BRT Corredor da av. João Pessoa: CONTRATADO.

BRT Corredor da av. Padre Cacique: EM LICITAÇÃO.

Monitoramento Operacional de Corredores: PROJETOS EM AVALIAÇÃO NA CAIXA.

4- DUPLICAÇÃO DA AV TRONCO – Duplicação de 5,3 km de via. A obra compreende trecho a partir da rótula que será construída na av. Icaraí, no bairro Cristal, até a nova rótula no cruzamento com a avenidas Gastão Mazeron e Carlos Barbosa; e outra parte formada a partir de bifurcação: uma via até a Terceira Perimetral (altura da av. Teresópolis) e outra até a rótula do Papa (Medianeira).

Implantação de ciclovia (5,3 km) em todo o trecho de duplicação da avenida Tronco. Corredor de ônibus. Tratamento paisagístico.

Estágio Atual – Lote 1 em obras (da rótula na avenida Icaraí até 100m da avenida Gastão Mazeron). Estão em implantação novas estruturas de drenagem do DEP e a duplicação dos primeiros 700 metros. Previsão de execução da obra: maio de 2012 a novembro de 2013.

Lote 2 em licitação, (da rótula da Gastão Mazzeron até a Terceira Perimetral e até a Rótula do Papa). Previsão de execução da obra: setembro de 2012 a abril de 2014.

OBRA SOCIAL – A duplicação da avenida implicará na remoção de moradias ao longo da via, principalmente de vilas populares em áreas irregulares.

Para a maioria das famílias, a obra representará oportunidade de acessar a casa própria de forma regular.

São sete comunidades envolvidas: vilas Silva Paes, dos Comerciários, Cristal, Cruzeiro do Sul, Tronco, Gastão Mazeron e Maria.

A prefeitura instalou escritório na região para dialogar com os moradores e formalizar a alternativa escolhida pela população dentro do plano habitacional elaborado pelo município.

O levantamento socioeconômico identificou uma população de 3,9 mil pessoas de 1,4 mil famílias, com 1,1 mil edificações, sendo 121 comércios. Em diálogo com a comunidade, ficou definido que um centro comercial será instalado na Estação Cristal do BRT da avenida Padre Cacique para receber comerciantes originários da av. Tronco. Está previsto espaço para cerca de 40 trabalhadores, cujas atividades sejam compatíveis com os serviços do espaço.

A prefeitura adquiriu 43 áreas no entorno (investimento de R$ 22 milhões) e está realizando chamamento público para construção de 1,4 mil habitações por meio do programa Minha Casa Minha Vida. Apresentação das propostas em 28 de agosto.

As áreas estão localizadas nas regiões Cristal, Cruzeiro, Glória, Sul e Centro Sul.

Para os moradores que desejam mudar-se para outro local, há a possibilidade de obter o bônus-moradia. Até agora, foram concedidos 50 bônus, e 40 pedidos estão em avaliação.

5- DUPLICAÇÃO DA AV. EDVALDO PEREIRA PAIVA (Beira Rio)

Projeto viário

Extensão de 5,8 quilômetros, da Usina do Gasômetro até o Viaduto da Pinheiro Borda – A obra completa abrange também a construção da ponte sobre o Arroio Dilúvio, o viaduto estaiado junto à Pinheiro Borda, iniciando obras nesta semana, e o corredor de ônibus da Padre Cacique, no padrão BRT, do viaduto até a avenida José de Alencar.

Ciclovia ao longo dos 5,8 km. Estacionamento.

Estágio Atual

Segunda ponte sobre o Arroio Dilúvio: Em obras, na fase de fundações, alargamento das vias e produção dos

pré-moldados a serem instalados no local. Previsão de execução da obra: maio de 2012 a maio de 2013.

Viaduto da Pinheiro Borda: Em obras a partir de 30 de agosto. Previsão de execução da obra: agosto de 2012 a

abril de 2014.

Corredor da Padre Cacique: Em licitação. Previsão de execução da obra: novembro de 2012 a dezembro de

2013.

Duplicação:

Trecho 1: Ipiranga em direção ao Beira-Rio (650m): Em obras. Pavimentação das vias e drenagem pluvial concluídas.

Previsão de conclusão da obra: dezembro de 2012.

Trecho 2: Ipiranga até a Rótula das Cuias (730m): Em obras. Semaforização e sinalização da rotatória concluídas. Trecho liberado para uso.

Previsão de conclusão da obra: dezembro de 2012.

Trecho 3: Velódromo até o viaduto da Pinheiro Borda (2,2 quilômetros). Em obras. Previsão de execução da obra: março de 2012 a março de 2013.

Trecho 4: Rótula das Cuias até o Gasômetro (2,4 quilômetros). Contratado. Previsão de execução da obra: setembro de 2012 a janeiro de 2014.

DUPLICAÇÃO DA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA

Projeto viário – Implantação de ciclovia ao longo dos 3,5 quilômetros. Tratamento paisagístico do canteiro central.

Estágio Atual: Trecho 1: Rua da Conceição até a rua Ramiro Barcelos: EM OBRAS. Previsão de execução da obra: agosto de 2012 a junho de 2013.

Trecho 2: Rua Ramiro Barcelos até a avenida Sertório: Projeto de engenharia concluído, EM FASE DE ORÇAMENTO.

Duplicação de 3,5 quilômetros, da rua da Conceição até a avenida Sertório.

COMPLEXO DA RODOVIÁRIA

Projeto viário – Estágio atual: Será eliminado o “X” da Rodoviária, contribuindo para melhorar o tráfego na região central e como solução para o conflito de fluxo entre veículos particulares e o transporte público.

Viaduto ligando as avenidas Júlio de Castilhos e Castelo Branco: Em obras. Previsão de execução da obra: agosto de 2012 a novembro de 2013.

Estação especial BRT da Rodoviária, com acesso subterrâneo: Projeto concluído, aguardando aprovação da Caixa para licitar. Previsão de execução da obra: 15 meses.

PROLONGAMENTO DA AV. SEVERO DULLIUS

Projeto viário

Prolongamento e duplicação da via ao longo de 2,4 quilômetros: O prolongamento da avenida Severo Dullius possibilitará conexão com a avenida Sertório pelas ruas Dona Alzira e Sérgio B. Dietrich, contribuindo para as novas instalações do Aeroporto Internacional Salgado Filho e para o tráfego da região. Implantação de pontes. Canalização de esgoto pluvial.

Estágio Atual

Substituição do solo: CONTRATADA. Empresa fará a retirada da camada de lixo do terreno e o reaterro para pavimentação da via.

Execução da via: PROJETO CONCLUÍDO, aguardando aprovação da Caixa para licitar. Previsão de execução da obra: de novembro de 2012 a maio de 2014.

Rua Dona Alzira: Obra de responsabilidade do Walmart, como medida compensatória: MAIS DA METADE DA OBRA CONCLUÍDA. Aguardando ajuste na área desapropriada, em decorrência da mudança dos taludes, para reinício das obras.

Sistema de Ônibus – Bus Rapid Transit (BRT)

Projeto – O transporte por BRT irá transformar o sistema de transporte coletivo em Porto Alegre, tornando-o mais ágil, confortável, econômico e menos poluente.

Benefícios: reduções positivas em aspectos como acidentes, custos operacionais, frota, emissão de poluentes, variabilidade dos tempos de viagem e presença terminais na área central.

Estações: fechadas, com acesso universal, bilheteria, controle de acesso, monitoramento, informação ao usuário e sistema de segurança.

Monitoramento: instalação de câmeras nas vias, infraestrutura de fibra óptica e painéis de mensagens variáveis.

Terminais de integração no início e no final do sistema.

Estágio Atual:

BRT Corredor da avenida Protásio Alves (R$ 77,9 milhões): EM OBRAS – substituição do pavimento asfáltico por placa de concreto. Previsão de execução da obra: março de 2012 a novembro de 2013.

7 quilômetros de corredor em pavimento de placa de concreto, da Saturnino de Brito até o Túnel da Conceição.

40 estações.

Monitoramento. Implantação de Terminal de Integração Manoel Elias.

BRT Corredor da avenida Bento Gonçalves (R$ 52,7 milhões): Em obras – substituição do pavimento asfáltico por placa de concreto. Previsão de execução da obra: março de 2012 a novembro de 2013.

6,5 quilômetros, desde a Estação de Integração Antônio de Carvalho até a Estação de Integração Azenha.

24 estações.

Monitoramento. Implantação de Terminal de Integração Antônio de Carvalho.

BRT Corredor da avenida João Pessoa (R$ 64,5 milhões): Contratado. Previsão de execução da obra: setembro de 2012 a maio de 2014.

3,2 quilômetros, da avenida João Pessoa até a avenida Desembargador André da Rocha.

29 estações.

Monitoramento. Implantação de Terminal de Integração Azenha.

BRT Corredor da avenida Padre Cacique (R$ 51,6 milhões – montante incluído no contrato da Edvaldo Pereira

Paiva): Em licitação. Previsão de execução da obra: novembro de 2012 a dezembro de 2013.

2,1 quilômetros de corredor duplo em pavimento de placa de concreto, da avenida José de Alencar até o viaduto da Pinheiro Borda, e 2,6 quilômetros de corredor simples, do viaduto da Pinheiro Borda até a avenida Chuí.

13 estações.

Implantação de Terminal de Integração Cristal.

MONITORAMENTO OPERACIONAL DE CORREDORES

Projeto – Estágio atual

Implantação do Centro de Controle Operacional junto à EPTC.

Projetos concluídos, aguardando aprovação da Caixa para licitar.

O monitoramento será implantado em três corredores: Tronco, Terceira Perimetral e Padre

Cacique.

Serão implantadas redes de fibra óptica. Assim como nos BRTs das avenidas Protásio Alves, Bento Gonçalves e João Pessoa, os corredores receberão a infraestrutura de ITS (Intelligent Transportation Systems), tecnologia capaz de dotar o serviço com controle dos tempos de viagens, do posicionamento na rede, do grau de saturação de passageiros no interior dos veículos, além de painéis iterativos com informações aos usuários.

Com base nisto tudo que aí está, e que ninguém pode negar, alguém prefere assumir o risco de ver tudo isso paralisado? A decisão é sua!

ATENÇÃO: José Fortunati e seus aliados não sabem desta minha iniciativa. Estou fazendo isto por convicção e vontade de ver uma Porto Alegre decente e moderna.

Gilberto Simões Pires

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Avenida Brasil

As novelas têm sido , há muito tempo , entretenimento do povo  brasileiro. Pouquissimas vezes me deixei prender por alguma.

A Avenida Brasil  vem constituindo em grande sucesso , com índices extraordinários de audiência.

Luciano Alabarse, diretor de Teatro e coordenador de Porto Alegre em Cena, escreveu um texto que merece ser lido.

AVENIDA BRASIL

(ofuxico.terra.com.br)

( rd1audiencia.com)

 

(fotos imagem.net)

 

QUEBRANDO PARADIGMAS

 

Há muitos anos a televisão brasileira não apresentava uma novela como “Avenida Brasil”.  O gênero apresentava inegáveis mostras de exaustão dramatúrgica, pela redundância de enredos previsíveis e fórmulas desgastadas pelo excesso de uso.  Mas só espectadores muito preconceituosos não reconhecerão as novidades bem-vindas da trama escrita por João Emanuel Carneiro. “Avenida Brasil” mantém o espectador em tensão permanente diante do televisor. Sua inegável eficácia revigora os padrões e hábitos dos que gostam de novelas.  Mania nacional assimilada, a novela brasileira  precisava de uma história inovadora como essa, e os recordes de audiência em todo o Brasil ratificam o exito da empreitada. Muito se tem escrito sobre o protagonismo de uma emergente classe “c”, cujos personagens do fictício bairro do Divino substituem os ricos endinheirados da zona sul carioca, apontando esse fato como o grande diferencial do enredo. No meu ponto de vista, e reconhecendo aí uma estratégia bem sucedida, não é exatamente a emergência social de personagens suburbanos que transformaram esta novela em assunto obrigatório no imaginário brasileiro. Os motivos que nos deixam grudados na cadeira são outros.

A principal novidade da novela é que sua história não se baseia em uma história de amor tradicional, onde o sofrimento e a separação do casal central é recompensada nos últimos capítulos,  com os dois felizes para sempre. Não. “Avenida Brasil” tem um enredo cheio de som e fúria, como uma boa peça shakespeareana, onde o ódio move as ações inusitadas dos principais personagens.  A vingança é o elemento central da novela, o sentimento preponderante, o mote do enredo. O ajuste de contas entre Nina/Rita ( Débora Falabela) e Carminha (Adriana Esteves), a órfã abandonada num lixão pela madrasta, galvaniza todas as atenções de “Avenida Brasil”. Os amores que entrelaçam seus personagens não tem, nem de longe, a força arrebatadora do duelo travado por ambas. Há uma total inversão dos paradigmas televisivos nesse embate, e esse é o seu real fato novo. Não há pieguismo nos diálogos que incendeiam a tela; como num bom romance policial, as duas são dissimuladas e inteligentes, e apostam todas as fichas em um jogo arriscado e perigoso. Nunca se viu na história da televisão brasileira uma “mocinha” como Nina.  Rancorosa e vingativa, ela é capaz de gestos tão tresloucados como aqueles cometidos pela responsável por seu destino. Ela mente, rouba, engana, dispensa o namorado, e, nessa fase do enredo, faz gato e sapato de sua grande inimiga. Nina relega seu sentimento amoroso a um segundo plano,  incapaz de abandonar a pulsão vingativa que lhe dá razão para existir. Amor e serenidade somente depois  de crucificar, bem crucificada, a megera Carminha, construída por uma Adriana Esteves surpreendente. Esta, por sua vez, nunca foi santa, mas tem pelo filho problemático um amor incondicional e sincero. As regras estão invertidas. As cartas estão embaralhadas. Muitas vezes, há mais humanidade na vilã do que na heroína.  O público não sabe para quem torcer efetivamente. No fundo, parte significativa da audiência torce por Carminha. Muito se deve ao excepcional trabalho da atriz, no melhor papel de sua carreira. O mesmo se pode dizer de Débora Falabella, perfeita ao encarnar as contradições oscilantes da mais antipática das heroínas já vista em nossa televisão. Nina/Rita diz que quer  vingar os inegáveis maus tratados sofridos desde a infância, mas sua justiça é embasada em gestos de crueldade dignos de uma psicopata. Nesse jogo, não dá para disfarçar que  torço por Caminha. Claro que ela exagera. Carminha é “do mal”. Quando envenenou um cachorro procurando notícias sobre sua arqui rival, ou mandou um capanga sepultar sua enteada em uma cova, viva, sua maldade atinge um patamar insuportável. Carminha encarna a maldade absoluta e indefensável e, mesmo assim, desperta simpatia e curiosidade. Fundamentada na excelência das duas interpretações realistas, que fogem de caricaturas infantilizadas, há cenas de uma densidade raramente alcançada na televisão brasileira. Resta ver o que nos espera na metade final da novela.

Outro acerto absoluto de “Avenida Brasil” foi o de colocar o futebol como instrumento de ascensão social. Na novela, os jovens suburbanos do Divino pertencem a um time da segunda divisão, mas procuram o sucesso, querem subir e ascender, não se resignam com sua situação profissional, seu futuro estigmatizado. Que o Brasil, reconhecido como o país do futebol por excelência, tenha demorado tanto a lhe dar  a devida importância faz com que o autor tenha conseguido, com o perdão do trocadilho, um golaço. Nenhum dos jogadores é propriamente um galã clássico. Ainda bem. Jorginho, o “herói” da novela, é problemático e indefeso. Os outros sustentam suas histórias paralelas  sem nenhum exemplo moralizante de comportamento. Unem-se para punir a periguete do bairro. Implicam uns com os outros, sentam na mesma mesa de bar e todos convencem em suas interpretações. O mesmo se aplica aos veteranos Marcos Caruso e Eliane Giardini, cuja libido é muito maior do que a de seus novos parceiros. Os dois, mais Otávio Augusto, o “Seu” Diógenes, estão irretocáveis.  Esplêndidos. O grande personagem positivo da novela, e isso soa como outra novidade, é um homem, e não uma mulher. Igualmente bem interpretado por Murilo Benício, o ex-jogador Tufão já tem assegurado  seu lugar como personagem inesquecível da teledramaturgia nacional. Boa praça, decente, marrento na medida, vive sua vidinha com humor e obstinação.

O enredo só não é perfeito porque há um núcleo pretensamente pensado para desanuviar o clima asfixiante da trama central. Cadinho e suas três mulheres aparecem como o recurso menos expressivo de uma novela que não suaviza suas mazelas principais. Apesar de o segmento contar com excelentes atores , com destaque para Débora Bloch, o problema aí é de dramaturgia mesmo. Numa novela onde as empregadas reproduzem em suas casas o mau comportamento de seus patrões suburbanos, essa história de poligamia engraçadinha parece forçada e irreal.

Outra razão do sucesso é a escalação do elenco. Não há ninguém, dos personagens centrais aos mais secundários, que não esteja realizando um bom trabalho de composição, fato raríssimo nas produções televisivas. Com maiores ou menores recursos, como que contagiados pela excelência da trama e pelo roteiro estimulante, os atores mostram facetas até então desconhecidas do grande público. Marcelo Novaes é o melhor exemplo.  Max, um personagem  complexo e  cheio de nuances, o malandro que sempre se dá mal, é muito bem construído pelo ator.  Ver bons atores reunidos numa trama intrigante, aliás, em capítulos  construídos em um ritmo alucinante, é outro diferencial, uma vez que a trama das novelas brasileiras se estende por longos meses até seu desfecho final. As reviravoltas de “Avenida Brasil” prendem a atenção do espectador, em uma produção caprichada, onde os enquadramentos da fotografia lembram  linguagem cinematográfica e a luz é  elemento central do requintado acabamento da produção.

Por tudo isso, parece incrível que a melhor novela dos últimos anos tenha uma trilha sonora pífia e discutível, a começar pela abertura, pouco inspirada, e que minimamente não faz jus à novela. As canções popularescas poderiam ser contrabalançadas com músicas e intérpretes de melhor qualidade. É muito “oi oi oi”, “ai ai ai” e “eu quero tchun” de uma vez só. Mesmo a canção de Marisa Monte não tem a qualidade de outras composições da grande cantora. Falando nela:  em seu último disco, Marisa canta uma canção cujos versos confessam explicitamente “ hoje eu não saio não, eu quero ver televisão”.   Melhor que a maioria das peças e dos filmes oferecidos atualmente ao público brasileiro, “Avenida Brasil” encontrou  sua perfeita tradução no mencionado refrão. A novela de João Emanuel Carneiro vai deixar saudades.

LUCIANO ALABARSE

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Epidemia de amor pelas crianças

Considero muito bom este artigo do psicanalista Contardo Calligaris publicado na Folha de São Paulo.

Ele fala do exagero dos pais em relação aos filhos, aplaudindo e elogiando qualquer coisa que façam. Não há parâmetro. É o elogio insincero que longe de fortalecer  a auto estima deles  fornece uma visão equivocada  de que são “o máximo”,superestimando até o que é desprovido de valor. Ficam viciados no aplauso fácil e terminam por acreditar, equivocadamente , que na vida  real receberão o mesmo tratamento, ignorando que para ganhar o reconhecimento há que merecê-lo o que exige talento,esforço e perseverança

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09/08/2012 – 03h00                                               (nejmiaziz.com.br)

Epidemia de amor pelas crianças

1) É habitual que, na infância e na adolescência, um jovem sonhe com vitórias e aplausos, sem pensar nos esforços necessários para merecê-los.

Nestes dias, deparo-me com crianças ninadas por devaneios de glória olímpica. Sem querer, corto seu barato, explicando o que é indispensável fazer para que esses sonhos se transformem numa chance real de chegar lá.

As crianças respondem que elas não têm a intenção de realizar o tal sonho: apenas querem o prazer de devanear em paz. Até aqui, tudo bem, mas os pais me acusam de estragar, além dos sonhos, o futuro dos filhos, os quais, segundo eles, para triunfar na vida, precisariam confiar cegamente em seus dotes.

O problema é que os elogios incondicionais dos pais e dos adultos não produzem “autoconfiança”, mas dependência: os filhos se tornam cronicamente dependentes da aprovação dos pais e, mais tarde, dos outros. “Treinados” dessa forma, eles passam a vida se esforçando, não para alcançar o que desejam, mas para ganhar um aplauso.

Claro, muitos pais gostam que assim seja, pois adoram se sentir indispensáveis (no cinema, uma mãe enfia a cara embaixo de seu próprio assento para atender o telefone que vibrou no meio do filme e sussurrar um importantíssimo: sim, pode tomar refrigerante).

2) Meu irmão, aos dez anos, quis que todos escutássemos uma música que ele acabava de “compor”. Movimentando ao acaso os dedos sobre o teclado (não tínhamos a menor educação musical), ele cantou uma letra que começava assim: sou bonito e eu o sei. Minha mãe escutou, constrangida, e, no fim, declarou que a letra era uma besteira, e a música, inexistente. Mas, se meu irmão quisesse, ele poderia estudar piano –à condição que se engajasse a se exercitar uma hora por dia. Meu irmão (desafinado como eu) desistiu disso e se tornou um médico excelente.

3) Os pais dos meus pais davam, no máximo, um beijo na testa de seus filhos. Já meus pais nos beijavam e abraçavam. Mesmo assim, não éramos o centro da vida deles, enquanto nossos filhos são facilmente o centro da nossa.

Para a geração de meus avós e de meus pais, a vida dos adultos não devia ser decidida em função do interesse das crianças, até porque o principal interesse das crianças era sua transformação em adulto (criança tem um defeito, foi-me dito uma vez por um tio: o de ser ainda só uma criança).

Lá pelos meus oito anos, eu tinha passado o domingo com meus pais, visitando parentes. A noite chegou, e eu não tinha nem começado meu dever de casa. Pedi uma nota assinada que me desculpasse. Meu pai disse: esta criança está com sono e deve trabalhar, façam um café para ele. Detestei, mas também gostei de aprender que, mesmo na infância, há coisas mais importantes do que sono e bem-estar.

4) Na pré-estreia do último “Batman”, em Aurora, Colorado, um atirador feriu 58 pessoas e matou 12. Um comentador da TV norte-americana (não sei mais qual canal) disse, de uma menina assassinada, que ela era “uma vítima inocente”.

Se só a menina era inocente, quer dizer que os outros 11, por serem adultos, eram culpados e mereciam os tiros?

Tudo bem, estou sendo de má-fé: o comentador queria nos enternecer e supunha, com razão, que, para a gente, perder um adulto fosse menos grave do que perder uma criança, que tem sua vida pela frente e, como se diz, ainda é “um anjo”. No entanto, eu não acredito em anjos e ainda menos acredito que crianças sejam anjos. Também não sei o que é mais grave perder: a esperança de um futuro ou o patrimônio das experiências acumuladas de uma vida? Você trocaria seus bens atuais por um bilhete da Mega-Sena de sábado que vem?

5) Cuidado, não sonho com uma impossível volta ao passado. Essas notas servem para propor uma mudança preliminar na maneira de contabilizar as falhas que podem atrapalhar a vida de nossos rebentos. Explico.

A partir do fim do século 18, no Ocidente, as crianças adquiriram um valor novo e especial. Únicas continuadoras de nossas vidas, elas foram encarregadas de compensar nossos fracassos por seu sucesso e sua felicidade.

Desde essa época, em que as crianças começaram a ser amadas e cuidadas extraordinariamente, nós nos preocupamos com os efeitos nelas de uma eventual falta de amor. Agora, começo a pensar que nossa preocupação com os estragos produzidos pela falta de amor sirva, sobretudo, para evitar de encarar os estragos produzidos pelos excessos de nosso amor pelas crianças.

Contardo CalligarisContardo Calligaris, italiano, é psicanalista, doutor em psicologia clínica e escritor. Ensinou Estudos Culturais na New School de NY e foi professor de antropologia médica na Universidade da Califórnia em Berkeley. Reflete sobre cultura, modernidade e as aventuras do espírito contemporâneo (patológicas e ordinárias).
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O Poder do Dinheiro

Roberto Gurgel

(exame.abril.com.br)

Venho acompanhando, com bastante atenção, o julgamento do Mensalão. A peça acusatória do procurador -geral da República, Roberto Gurgel, é detalhada, bem feita e demonstra  o  maior esquema de corrupção  e desvio de dinheiro público na história brasileira. Pediu a condenação de 36 dos 38 envolvidos.

O artigo da escritora Rosiska Darcy de Oliveira (foto abaixo),publicado no jornal O Globo e reproduzido aqui, demonstra a importância de estarmos atentos a todo o processo  para que a impunidade não  prospere.

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O poder do dinheiro

Michael J. Sandel, cujos cursos em Harvard atraem multidões e está longe de ser um inimigo do livre mercado, propõe em seu livro “O que o dinheiro não compra” um debate essencial sobre os espaços que o dinheiro não deve invadir.

Relata, entre irônico e amargo, que nos Estados Unidos, onde o mercado é rei, o upgrade em uma cela carcerária sai por módicos 82 dólares por noite. Sem aflições éticas, médicos, por sua vez, praticam uma ‘medicina de boutique’. Trocando em miúdos, por uma taxa que varia entre 1.500 e 25.000 dólares anuais os pacientes adquirem uma assinatura pela qual têm acesso ao celular de seu médico e garantia de atendimento prioritário. Quem não pode pagar vai para o fim da fila ou procura outro médico. O juramento de Hipócrates já era.

Quem precisa de dinheiro tem a opção de vender um rim ou servir, nos laboratórios farmacêuticos, de cobaia humana para novos medicamentos pela tarifa de 7.500 dólares. Se tudo isso se faz às claras é que a sociedade americana absorveu o princípio de que tudo está à venda e tem seu preço.

Sandel dá ao seu livro o subtítulo “os limites morais do mercado”. Reflexão oportuna entre nós, no momento em que o Supremo Tribunal Federal começa a julgar os 38 réus acusados pelo Procurador Geral da República de comprar e vender votos no Congresso Nacional. Oportuna porque o mensalão é o melhor exemplo de invasão e perversão pela lógica da compra e venda de um espaço que lhe deveria ser impermeável.

O tribunal vai julgar se a acusação procede e, em que medida, para cada um dos réus. Se, julgada procedente, ainda assim houvesse complacência na punição, uma impunidade disfarçada, o ricochete na sociedade brasileira seria devastador. Em vertiginosa espiral descendente correria um rastilho de corrupção, absorvida na cultura, transformando cada lugar de poder em um próspero balcão de negócios.

Sendo possível comprar, impunemente, o voto de alguns parlamentares por que todos – salvo por questões de consciência individual – cedo ou tarde não  venderiam os seus? O voto, transformado em produto, seria cotado segundo as vantagens em jogo, sujeito a uma avaliação em dinheiro. A lucratividade da carreira política atrairia a elite dos velhacos. O Congresso ganharia a animação de uma feira livre em que as leis seriam vendidas a peso de ouro, talhadas na medida dos interesses de quem as comprou. Difícil imaginar ultraje maior à democracia.

A exemplo do Legislativo, transformado em feira, por que um juiz não venderia uma sentença? Por que um guarda de trânsito não rasgaria a multa em troca de uma propina? Ou o policial de uma UPP não receberia dinheiro e deixaria os traficantes trabalharem em paz? O que impediria, no Executivo, qualquer funcionário federal, estadual ou municipal de fraudar uma licitação, facilitar a solução de um problema ou conceder qualquer outra benesse que a inventividade brasileira não teria dificuldade de imaginar?

Se o dinheiro pudesse comprar o que não deveria jamais estar à venda ganharia tal centralidade na vida da sociedade que ninguém se conformaria de não tê-lo e o buscaria a qualquer preço. Nessa corrida do ouro, a sociedade se tornaria cada vez mais violenta e inescrupulosa. Impunidade, corrupção e violência se retroalimentariam. Abominável mundo novo em que um socorro urgente que alivie a dor, o voto de um deputado, a sentença de um juiz, tudo se equivaleria na condição de produto oferecido a quem der mais.

A compra do voto de um parlamentar para neutralizar a oposição e eternizar um partido no poder é a quintessência do desprezo pela democracia que, por definição, viceja no campo argumentativo dos conflitos de interesses e idéias.  Absolvê-la é dar o sinal verde para a generalização da lógica do tudo se compra, tudo se vende, deriva que nos levaria, imperceptivelmente, a deslizar de uma economia de mercado a uma sociedade de mercado.

Na sociedade de mercado, quem insiste em definir, como um imperativo ético, que espaços ou relações devem ser infensos ao poder do dinheiro entra no rol dos ingênuos e retrógados que não entenderam como funciona o mundo contemporâneo. Normas éticas e gestos de solidariedade, que dão sentido e coesão à convivência entre pessoas, se transformam em peças de um museu que ninguém mais visita. Cabe ao dinheiro e somente a ele dar forma ao presente e ao futuro.

Resquícios de esperança e a vontade de dar uma chance ao futuro me levaram a falar deste risco no condicional. A sentença do STF dirá se é tempo de passar ao presente do indicativo.

 

                                                                       Rosiska Darcy de Oliveira é escritora

                                                                       

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Crime da Tristeza

Márcia e o filho

(portalgranderede.com)

A próxima vítima

*Lícia Peres

A sociedade  gaúcha está chocada com o crime  da Tristeza,em Porto Alegre, onde uma família, aparentemente feliz e  com boa situação financeira, foi destroçada.  A desconfiança  de que o bioquímico Ênio Carnetti  seja o autor do  duplo homicídio- o de sua mulher Márcia  e do único filho  do casal, Matheus, de cinco anos-  causa perplexidade.  Após o  brutal crime ,Ênio tentou suicídio  atirando-se da ponte do Guaíba, onde foi resgatado por pescadores.

O elemento perturbador em casos como este  é  a ocorrência de  uma identificação das pessoas  com este tipo de núcleo familiar, com todos os indicadores exteriores de  que   seria  “normal”, ou seja, uma família como qualquer outra de classe média.

Ao acompanhar o caso, eu procurava um elemento presente em todos os casos de violência doméstica :  a pista dada pelo agressor  de que algo mais grave poderia  ocorrer.  No referido caso foram as ameaças ouvidas pela empregada da casa e relatada pela própria vítima aos colegas de trabalho. Pelo visto, não foram levadas a sério.

É necessário alertar para aquilo que nós, do movimento de mulheres, vimos fazendo  há muito tempo:  a ameaça é um indicador  importante , assim como agressões verbais e outros tipos de violência. Dificilmente o homicídio  é o primeiro e último gesto.  Em razão disso, quando ameaçada , a mulher tem que  acreditar  que algo mais sério pode ocorrer  e denunciar.  Essa atitude pode prevenir o pior. A inação, muitas vezes, leva à morte.

No que respeita à violência de gênero, sabemos que  ela ocorre em  todas as classes sociais.

Uma  das melhores campanhas feitas  pelo  Conselho Nacional dos Direitos da Mulher continha fotos de homens bem vestidos e de boa aparência em torno de uma mesa e a pergunta :  você desconfiaria de que ele é um agressor?  Pois, é. A campanha não usou fotos masculinas  esterotipadas  demonstrando hostilidade , ou  sinais de agressividade . Pelo contrário, mostrou que a violência pode não se expressar no convívio social, nem nas aparências.

Hoje a Lei Maria da Penha é bastante completa  ao abranger todas as formas de violência doméstica e familiar.  respaldando as mulheres através de medidas   protetivas  que incluem  a retirada do agressor do ambiente doméstico .

Ao ignorar  as ameaças, a mulher pode se tornar a próxima vítima.

*socióloga

Márcia  e o marido  dias antes do crime

(clicrbs.com.br)

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